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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

(Dica de leitura) Livro: Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno



Título: Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno

Autor: Serge Latouche


Idioma: Português

Assunto: Economia

Ano: 2009

Tipo de capa: BROCHURA

Páginas: 192

Edição: 1

ISBN: 9788578272012

Editora: Martins Fontes


Senador Cristovam Buarque defende o Decrescimento em Brasília


Crescer menos em função da felicidade

Ao mesmo tempo em que são comemorados os resultados positivos da economia brasileira, surge um debate acerca dos limites do crescimento do Brasil. Ganham cada vez mais espaço as ideias de que é preciso muito mais que incrementar o PIB.

O senador Cristovam Buarque abriu o debate sobre o “decrescimento feliz”, em discurso, dia 25 de outubro, quando criticou a falta de debate sobre o crescimento econômico do Brasil. É a ideia de que é possível, “e até necessário”, crescer menos a economia em função da felicidade das pessoas.

“O problema do endividamento está no crescimento. O problema ambiental está no crescimento. O problema dos gastos públicos está no crescimento. Sem o crescimento, isso não ocorreria. Mas ninguém debate o crescimento”, avalia.

No pronunciamento, Buarque se apropria de questionamentos que estão sendo aprofundados na Europa, como reflexão da crise econômica que atinge alguns países. “Essa idéia que toma conta da Europa aos poucos, nos meios intelectuais, de decrescimento como objetivo, decrescimento com ampliação do bem-estar, decrescimento da produção, aumentando a satisfação das pessoas, aumentando a felicidade”, disse o senador na tribuna.

Conforme Buarque, é necessário contestar, ao menos em âmbito do debate, qual o crescimento o País precisa e não quanto ou como crescer. Para ele, a Europa é um exemplo a não ser seguido pelo Brasil. “Não esqueçamos que a Europa é o sonho da gente e é um sonho que não vale a pena repetir, porque é um sonho que está em chamas, neste momento, na Inglaterra, em Portugal, na França, na Grécia. E não é uma questão do capitalismo, porque a União Soviética também viveu até mais essa crise do que os países do Ocidente capitalista”, comentou.

O mestre em economia e pesquisador em desenvolvimento econômico, Eldair Melo, discorda do senador. Para ele, a Europa passa por uma crise de Welfare State (Estado do Bem-estar Social), o que ainda não existe no Brasil.

“Tal crise está proporcionando novamente a aquele continente uma nova oportunidade de desenvolvimento. As necessidades deles são outras. Eles querem garantir seu novo bem-estar social. No Brasil, as políticas criadas pelos governos, como o Bolsa Família, atuam como programas assistencialistas. Entenda que ainda hoje morrem pessoas nos corredores de hospitais públicos por falta de atendimento ou negligencia destes”, explica.

Não resolve o problema

O senador Buarque propõe, na verdade, uma mudança na mentalidade do crescimento e desenvolvimento. Para ele, somente reduzir as desigualdades não resolve o problema maior. “Não é a distribuição de renda que vai mudar o modelo, apenas vai distribuir esse modelo mais, e aí vai trazer outros problemas, como meio ambiente, como endividamento crescente”, critica. (Andreh Jonathas)

Bem-estar social

“Ainda não temos o Estado do bem-estar social. O ‘decrescimento feliz’ somente acontece com a existência disso. Primeiro, devemos desenvolver nossas necessidades e atingirmos um grau de desenvolvimento compatível” Eldair Melo, mestre em economia e pesquisador sobre desenvolvimento econômico

FONTE: Jornal "O Povo" online.

Gordura e Crescimento (Por Cristovam Buarque)

Durante séculos, acreditamos que as cidades ficavam melhores à medida que aumentavam. Faz pouco tempo, percebemos a necessidade de reduzir as cidades, para viver melhor fora das megalópoles. Já é possível ser mais feliz em cidades menores. Também durante séculos, acreditamos que as mulheres e os homens gordos eram mais saudáveis e mais ricos, carregando no corpo as provas da riqueza, as lembranças do prazer de comer e o fim da angústia da fome. Hoje, pelo contrário, o símbolo da riqueza e da beleza é a esbeltez. Nas sociedades modernas, são os pobres que engordam; os ricos gastam fortunas para emagrecer.
Gordura e superpopulação deixaram de ser sinais de riqueza inteligente, tanto para cidades quanto para pessoas. Mas as pessoas ainda resistem em perceber que a gordura que as rodeia, na forma de bens, consumidos ou de patrimônio, não é mais sinal de riqueza inteligente.
Porque essa riqueza já não cabe no mundo. As cidades vivem com suas aortas entupidas de automóveis, a atmosfera envenenada por dióxido de carbono. O organismo social padece das doenças que convenceram as pessoas a reduzirem suas cinturas. Também porque a segunda lei da termodinâmica deixa claro que nada pode crescer infinitamente em um mundo finito, com recursos naturais esgotáveis.
Depois de dois séculos de civilização industrial, principalmente na segunda metade do século XX, e muito mais com a globalização das últimas décadas, o PIB se transformou no símbolo do avanço civilizatório. Não importa se a compra vai endividar, comprometer o consumo de coisas mais essenciais à família, tirar as crianças de uma boa escola.
Não importa também se as horas perdidas no trânsito aumentam, ou se os engarrafamentos consomem tempo de vida ou provocam angústias e perdas. Como o consumo de combustível eleva o PIB, o engarrafamento passa a impressão de que a sociedade está mais rica, apesar da diminuição da felicidade geral.
Na medida em que percebemos o "desvalor" dos bens que engordam as cidades e as casas, tomamos consciência da possibilidade e da conveniência de aumentar o bem-estar graças ao decrescimento da produção de bens materiais e privados, com aumento na oferta de bens e serviços públicos e culturais. Diante da crise ecológica previsível e das insatisfações sociais já sentidas, surgiu, especialmente na Europa, um movimento pelo "decrescimento-feliz".
O conceito de decrescimento, atualmente debatido na Europa, substitui a ideia do crescimento ilimitado pela meta de uma sociedade melhor, que consume menos. É claro que esse decrescimento não se aplica linearmente em um mundo onde 20% consomem 85% dos recursos naturais. Em consequência, 80% da população vivem com menos do que o necessário.
Em 1980, a Editora Paz e Terra publicou um livro com o título "Desordem do progresso — O fim da era dos economistas", logo traduzido em Londres com o título "The End of Economics".
Há poucas semanas, o jornalista Clóvis Rossi publicou um artigo com o título "Felicidade Nacional Bruta", em que comenta o movimento mundial em busca de um novo indicador para o progresso. O IDH — Índice de Desenvolvimento Humano — já é levado a sério. O governo francês pediu e já recebeu uma proposta, elaborada por economistas, visando a um indicador que substitua o PIB.
É inevitável que a ideia de decrescimento-feliz ganhe adeptos. Que se espalhe e seja aceita tanto quanto a ideia de crescimento dominou o século XX. Antes disso, poderá ser recusada e ridicularizada, assim como a industrialização enfrentou fortes resistências do mercantilismo e da fisiocracia.
Mas prevaleceu, porque representava a força do progresso. O decrescimento-feliz vai prevalecer graças à fragilidade da atual concepção de progresso para enfrentar a força da natureza e as insatisfações existenciais. Não deve demorar muito para que o crescimento econômico passe a ser visto com o desconforto que hoje recai sobre a gordura do corpo e o tamanho das cidades.

Cristovam Buarque é Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um câncer chamado humanidade

Eu queria falar agora sobre dois conceitos aparentemente desconexos, mas que tem muita relação: câncer e pegada ecológica.
Você sabe qual é a definição genérica de câncer ? Segundo os médicos, câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que tem em comum o crescimento desordenado (e maligno) de células que invadem tecidos e órgãos e podem espalhar-se para outros órgãos.
Outro conceito recentemente criado e difundido pelos meios de comunicação e por ecologistas é o de "pegada ecológica". Este termo refere-se a quantidade física de terra e água necessária para sustentar economicamente uma determinada sociedade, foco desta medição. Assim, para medir a pegada ecológica do Brasil, por exemplo, calcula-se a área de energia fóssil que seria necessária para absorver o gás carbônico liberado em excesso na atmosfera pelas atividades industriais; a terra arável necessária para a produção agrícola das necessidades alimentícias da população; as pastagens necessárias para a criação de gado em condições minimamente razoáveis; as florestas necessárias para o fornecimento de madeira e seus derivados não lenhosos; e a área urbanizada necessária para a construção de residências e edifícios.
Segundo estudos do WWF e da instituição "Global Footprint Network" a pegada ecológica da humanidade vem aumentando nos últimos séculos apontando para uma necessidade urgente de mudanças de hábitos e mentalidade.
Assim como um câncer a pegada ecológica da humanidade vem aumentando "desordenadamente e de forma maligna".
Aliado à isso tudo, a mídia vem divulgando esforços da NASA e de consórcios espaciais internacionais para a colonização de outros planetas no sistema solar como Marte e Vênus, sendo que a ocupação da lua é algo absolutamente possível e realizável que só não foi feita até hoje por questões econômicas. Isso sem falar das já existentes estações espaciais que nada mais são do que colônias suspensas no espaço que ainda não estão em "terra" firme.
Escrevi isso tudo para traçar um singelo paralelo.
O crescimento desordenado da humanidade (pegada ecológica) é evidentemente maligno levando-se em conta os danos causados ao planeta e a própria sociedade (tecidos e órgãos) e que agora, graças aos "avanços" científicos (???), podem espalhar-se para outros planetas (órgãos), uma vez que o planeta terra está totalmente tomado, assim como um câncer.
Certa vez, assistindo um filme de ficção científica, vi pela primeira vez um dos personagens (ele era um extraterrestre) dizendo que a humanidade era um câncer e que a destruição do planeta terra seria um grande benefício aos outros planetas habitados da galáxia.
Na época eu não dei muita importância a essa associação de idéias.
Hoje eu a acho extremamente realista e atual.

O que é decrescimento?

O conceito de decrescimento econômico não é novo. Além de todas as crises econômicas, políticas e sociais vividas pela sociedade capitalista moderna, desde a década de 70 fala-se em uma alternativa racional e sustentável para o ocidente civilizado.
Nicholas Georgescu-Roegen, economista romeno, escreveu um livro chamado: "The entropy law and the economic process" onde desenvolve as alternativas ao crescimento econômico lançando as bases do decrescimento como alternativa viável ao progresso erroneamente idealizado por uma política corrupta e insana, distanciada do Homem.
O decrescimento baseia-se no fato de que o crescimento econômico infinito, amplamente perseguido pelas nações capitalistas, é impossível pela simples imposição física que o planeta terra é finito e, consequentemente, todos os recursos nele existentes também o são.
Além destes conceitos, abordaremos a explosão demográfica, a qualidade e o tamanho das empresas, o engodo da sustentabilidade e os novos conceitos da "Economia Espiritual".