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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Senador Cristovam Buarque defende o Decrescimento em Brasília


Crescer menos em função da felicidade

Ao mesmo tempo em que são comemorados os resultados positivos da economia brasileira, surge um debate acerca dos limites do crescimento do Brasil. Ganham cada vez mais espaço as ideias de que é preciso muito mais que incrementar o PIB.

O senador Cristovam Buarque abriu o debate sobre o “decrescimento feliz”, em discurso, dia 25 de outubro, quando criticou a falta de debate sobre o crescimento econômico do Brasil. É a ideia de que é possível, “e até necessário”, crescer menos a economia em função da felicidade das pessoas.

“O problema do endividamento está no crescimento. O problema ambiental está no crescimento. O problema dos gastos públicos está no crescimento. Sem o crescimento, isso não ocorreria. Mas ninguém debate o crescimento”, avalia.

No pronunciamento, Buarque se apropria de questionamentos que estão sendo aprofundados na Europa, como reflexão da crise econômica que atinge alguns países. “Essa idéia que toma conta da Europa aos poucos, nos meios intelectuais, de decrescimento como objetivo, decrescimento com ampliação do bem-estar, decrescimento da produção, aumentando a satisfação das pessoas, aumentando a felicidade”, disse o senador na tribuna.

Conforme Buarque, é necessário contestar, ao menos em âmbito do debate, qual o crescimento o País precisa e não quanto ou como crescer. Para ele, a Europa é um exemplo a não ser seguido pelo Brasil. “Não esqueçamos que a Europa é o sonho da gente e é um sonho que não vale a pena repetir, porque é um sonho que está em chamas, neste momento, na Inglaterra, em Portugal, na França, na Grécia. E não é uma questão do capitalismo, porque a União Soviética também viveu até mais essa crise do que os países do Ocidente capitalista”, comentou.

O mestre em economia e pesquisador em desenvolvimento econômico, Eldair Melo, discorda do senador. Para ele, a Europa passa por uma crise de Welfare State (Estado do Bem-estar Social), o que ainda não existe no Brasil.

“Tal crise está proporcionando novamente a aquele continente uma nova oportunidade de desenvolvimento. As necessidades deles são outras. Eles querem garantir seu novo bem-estar social. No Brasil, as políticas criadas pelos governos, como o Bolsa Família, atuam como programas assistencialistas. Entenda que ainda hoje morrem pessoas nos corredores de hospitais públicos por falta de atendimento ou negligencia destes”, explica.

Não resolve o problema

O senador Buarque propõe, na verdade, uma mudança na mentalidade do crescimento e desenvolvimento. Para ele, somente reduzir as desigualdades não resolve o problema maior. “Não é a distribuição de renda que vai mudar o modelo, apenas vai distribuir esse modelo mais, e aí vai trazer outros problemas, como meio ambiente, como endividamento crescente”, critica. (Andreh Jonathas)

Bem-estar social

“Ainda não temos o Estado do bem-estar social. O ‘decrescimento feliz’ somente acontece com a existência disso. Primeiro, devemos desenvolver nossas necessidades e atingirmos um grau de desenvolvimento compatível” Eldair Melo, mestre em economia e pesquisador sobre desenvolvimento econômico

FONTE: Jornal "O Povo" online.

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